Limpeza Hospitalar: Higienização das Mãos Água e Sabão ou Álcool?
Antes de tudo, é fundamental o conhecimento que a maior parcela de infecção hospitalar é transmitida pelas mãos das pessoas. Em muitos casos, pode ser bastante útil na prevenção da infecção, usar primeiro o álcool e depois água e sabão nos processos de lavagem das mãos.
Deve-se orientar e treinar exaustivamente o pessoal da higienização, para os perigos e riscos das “sujidades invisíveis”, e neste ponto defendemos a ideia de que nada adianta discutirmos a eficiência e eficácia dos desinfetantes na diminuição dos riscos de infecção hospitalar, se a limpeza do ambiente não estiver sendo realizada de forma apropriada.
Para evitar a disseminação de bactérias, é importante aprimorar os métodos de desinfecção, tanto das superfícies quanto das mãos de médicos, equipes de enfermagem e de higienização, sendo fundamental conhecer o tempo de sobrevivência dos microorganismos. Existem alguns tipos de esporos, que podem sobreviver por muito tempo em superfícies mal higienizadas e sujas.
Torna-se então necessária a atenção especial aos locais, artigos e objetos que o paciente infectado tenha contato manual. Tivemos acesso a uma pesquisa que detectou nos quartos de pessoas internadas com diarreia causada por MRSA, que em 100% dos casos foram encontrados microorganismos na cama da pessoa, e, em 75%, no controle remoto da televisão. Essa porcentagem é maior do que a encontrada no banheiro do paciente, que é de 65%.
A dúvida surge sobre o que é melhor na higienização das mãos: água e sabão ou álcool?
Ambos processos são eficazes, com algumas reservas. O álcool satisfaz muito bem o papel de matar os agentes contaminadores, no entanto, não os remove. Já a água e o sabão nem sempre exterminam os microorganismos, mas retiram as impurezas das mãos.
Portanto, uma dica interessante é usar sempre álcool, porém se depois disso ainda houver, sujidades visíveis, lave as mãos com água e sabão, lembrando que é comum não lavá-las alegando falta de tempo.
Como no caso das bactérias ultra-resistentes, em que o álcool não mata seus esporos, por medida de segurança plena torna-se então necessária a lavagem com água e sabão, para retirá-los da superfície da pele.
Defendemos que vários tipos de desinfetantes – hipoclorito de sódio (cloro), peróxido de hidrogênio, compostos de amônia e outros – são eficientes e eficazes, entretanto o que determina mesmo a descontaminação ampla e real do ambiente hospitalar é a forma como eles são empregados.
Importante é ter em mente, que não adianta limpar muito bem duas ou três vezes por semana, pois é preciso atacar de forma absoluta a rápida disseminação dos microorganismos nos hospitais.
Consideramos importantíssima a ação física no momento da ação de limpar, porque os agentes que não morrem precisam ser friccionados até sua total remoção, portanto é fundamental que na instituição haja controle sobre a limpeza, que pode e deve ser realizado com efetividade da supervisão, em conjunto com o CCIH.
A supervisão pode até se utilizar de sistemas de medição com lâmpadas ultravioleta em alguns casos, porém o mais importante é que a seriedade seja ponto de honra para a higienização. O maior erro dos gestores, supervisores e executores das equipes de limpeza é pensar que o ambiente quando aparentemente limpo, está livre de microorganismos contaminantes.
Temos sido consultados sobre um tema alvo da infectologia, que é sobre a comparação entre os tecidos de microfibra e os panos de chão comuns. Por avaliação em várias situações, concluímos que a microfibra é mais eficaz na remoção dos microorganismos nas superfícies, contudo o tecido tem que ter boa qualidade para de fato fazer diferença em relação ao pano comum, que tem seu custo bastante inferior.
Entretanto, nunca deve ser esquecido que a ação física (esfregação com técnica) é mais importante que o uso deste ou daquele tecido, e que no combate á infecção, não se deve utilizar o mesmo pano em ambientes diferentes, evitando desta forma os riscos de dispersão de agentes contaminantes pelas várias áreas da instituição.
Devemos padronizar nas equipes, a forma de ação imediata quando houver a presença de contaminação visível por sangue, vômitos ou secreção de fluídos corpóreos em superfícies ou equipamentos, utilizando um desinfetante aprovado pelo hospital e atendendo normas técnicas do Ministério da Saúde, para as áreas limpas afetadas.
O processo infeccioso é multifatorial e acontece ou não dependendo dos tipos de microorganismos, da taxa de imunidade e de resistência do paciente à contaminação, do bom trabalho exercido pelos profissionais do hospital e da concentração dos produtos de limpeza utilizados.
A prevenção é sempre o melhor remédio para tudo, e os custos da antissepsia são inferiores ao tratamento da infecção, porém para que haja sucesso, é necessário que a técnica de higienização seja padronizada no hospital, e os profissionais de limpeza recebam treinamento constante e adequado, com entendimento dos métodos estabelecidos.
O controle da infecção é tarefa importante, e para isso defendemos a ideia que “higiene é responsabilidade”.
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Autor deste artigo: Osmar Viviani